terça-feira, 11 de dezembro de 2012

FIM DE SEMANA

Comecei a imaginar a minha vida daqui pra frente, porque eu já sabia o que poderia acontecer conosco a partir desse final de semana quando pegaríamos a Maria Eduarda pra passar com a gente. Fomos no Fórum de Garuva buscar a nossa pequena que estava com as malas prontas e todo arrumadinha. Saímos de lá e para nossa surpresa já no meio do caminho ela começou a choramingar, falando que não queria dormir na nossa casa e de repente...dormiu no carro. Acho que foi uma manhazinha, mas ficamos ressabiados.
Chegamos em casa, ela já foi reconhecendo o lugar, porque criança grava tudo muito depressa, e foi se enturmando com os cachorros. Nós íamos receber a visita de um casal muito querido, um casal de amigos, a Déborah e o Gustavo então falei pra Dudinha que era legal ela tomar um banho pra ficar cheirosa. Ela não quis, disse que não queria tomar banho mas quando ouviu eles chegarem correu pro chuveiro. Eu fiquei lá pra supervisionar o banho, mas ela me convidou para tomarmos banho juntas. Nesse momento ouve uma entrega muito grande da Maria Eduarda, me chamando de mãe, disse que queria ser minha filha, que era muito bom tomar banho comigo, me esfregou, lavou meus cabelos, foi divertido. E quando ela pegou as mãozinhas dela tão pequeninas e colocou-as no meu rosto e me deu um beijinho, tive a certeza de que isso seria pra sempre e que por mais difícil que seja educar, criar um filho, seja ele biológico ou de coração, eu queria fazer isso, eu queria ser a mãe que essa criança tão carente de amor nunca teve. Queria me doar, porque ser mãe é isso, doação constante de amor, educação e segurança, os pilares mais importantes pra gente crescer um adulto feliz e sabendo o que quer da vida.

Dali por diante, tudo foi se encaixando, tivemos um final de semana repleto de emoções, de sentimentos que nunca tínhamos vivido. Fomos na praça do centro de Joinville, onde brilha uma enorme árvore de Natal, muitos enfeites de Natal e tiramos fotos de momentos mágicos. Estavam conosco minha irmã, meu cunhado e meu sobrinho, este que a Maria Eduarda se apaixonou.
No domingo fomos no aniversário da minha amiga Deborah e de lá fomos pra Garuva levar a Maria Eduarda pro Abrigo. Mas desde o sábado eu já vinha conversando com ela sobre esse momento. Mas mesmo assim a pequena não se conteve e quando acordou que estava na frente do portão do Abrigo chorou, relutou, disse que não queria ficar ali. Conversamos, foi difícil mas eu consegui que ela pegasse o ursinho que a minha amiga Mara deu, e fosse mostrar para as outras crianças do Abrigo. Ela se acalmou e foi logo entrando. Pegamos o carro e fomos embora. Meu marido quase chorou, por pouco não se segurou mas eu me mantive, não por estar entregando a Maria Eduarda, mas pela certeza que eu tenho que voltarei para buscá-la.

E todo esse processo faz parte do nosso crescimento, a saudade deve ser sentida, porque ela é breve e isso só fortalecerá nossos laços. O que mais me chocou foram as outras crianças que estavam alí, de várias idades, todas sem um futuro certo, sem o carinho de uma família, sem o aconchego de uma mãe e a segurança de um pai, isso sim me desestruturou, me deu um nó na garganta. Que bom seria todas com o mesmo destino da Maria Eduarda, essas crianças tão carentes de amor, de carinho, sozinhas nesse mundo, esperando algo de bom acontecer e que talvez nunca vai acontecer. Fui pra casa pensativa e com o mesmo nó na garganta que demorou pra passar...

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

EXPECTATIVA

No dia seguinte ligamos pra Rejane e falamos pra ela que adoramos a Maria Eduarda, que queríamos iniciar o processo, começar a estágio de aproximação. Então na quarta feira dia 21/11, fomos passar o dia com ela. Fomos orientados a não falar algumas coisas, sabe como é criança né, grava tudo e depois quer explicação, cobra as promessas e esse ainda não era o momento. Não vou contar todos os detalhes que me lembro, que me surpreenderam, porque foi muito legal e são coisinhas que quero guardar pra mim na minha memória. Só no começo quando saímos do fórum, ela logo que entrou no carro e pegamos a estrada, disse que não queria ir conosco e chorou um pouquinho, mas depois percebí que foi uma manhazinha porque ela logo dormiu, ou foi uma insegurança que rolou naquele momento de tudo o que ela já viveu.
Fomos no Shopping Garten, brincamos no parquinho, compramos um presente pra ela, um ursinho e depois uma roupinha, almoçamos no Mcdonald e passamos em casa, ela conheceu nossos cachorros, nossos gatos, levamos ela na nossa pet pra conhecer as funcionárias e os cachorros que estavam pra banho. Achei que tudo ocorreu muito bem, ela é encantadora, falante, ficou super a vontade. Passamos na casa da minha mãe que queria falar comigo e contamos pra ela o que estava acontecendo. Acho que minha mãe ficou um pouco surpresa, mas ficou de boa, gostei da sua reação.
Na volta pra Garuva, paramos um pouco naquela pracinha que adoramos e batemos fotos, brincamos nos brinquedos, foi divertido, foi muito legal, foi diferente de tudo que já vivi. E eu estava querendo viver mais disso tudo!





domingo, 9 de dezembro de 2012

AMOR A PRIMEIRA VISTA

Saímos cedo de Curitiba rumo à Itapoá. Eu estava com ínício de gripe, o corpo doído, garganta inflamada, mas o meu coração ansioso e apertadinho. Logo a Rejane chegou, conversamos e ela claro nos perguntou o que estávamos achando disso tudo, nossas pretensões e contou a história da Maria Eduarda, esse era o nome dela. Ficamos perplexos com a história, só pra falar um pouquinho, ela foi adotada 2 vezes e devolvida essas 2 vezes. Foi uma longa conversa, muitas perguntas, muitas surpresas quando por fim ela mostrou uma fotinho da Maria Eduarda e perguntou se queríamos conhecê-la hoje. Ficamos surpresos, não esperávamos isso tão de repente e rápido, mas claro que adoramos a idéia. Nisso a Rejane fez uma ligação para uma assistente social da Comarca de Garuva, pois a Maria Eduarda estava ficando num abrigo lá. Tudo certo era só passarmos lá e conhecer a nossa, quem sabe futura menina.
 
Chegando lá, conversamos um pouquinho com a assistente social Daniela, que foi logo buscar a Maria Eduarda. Estávamos apreensivos, ansiosos aff um turbilhão de sensação dentro da gente. Foi quando ela chegou. Estava linda, simpática, um pouco envergonhada como a gente também estava. Ficamos na sala, conversamos um pouquinho, e depois a Dani nos promoveu uma interação com ela, fizemos uns desenhos e tal, foi bem legal. Depois disso fomos passear um pouquinho numa pracinha ali perto. Passeamos de mãos dadas nós três, brincamos um pouquinho no parque da cidade, muito lindo por sinal e depois paramos numa sorveteria pra comermos um sorvete e foi aí que ela nos encantou com seu jeitinho, suas palavras, tudo foi mágico nesse simples passeio. Voltamos pro Fórum, conversamos mais um pouquinho e viemos. O único inconveniente foi que eu estava péssima, tudo doía, só queria chegar em casa e deitar na minha cama e descansar e sarar.
A noite eu e meu marido conversamos, conversamos e conversamos.
 
                                                   Praça no Centro de Garuva

A LIGAÇÃO

Depois de ter conversado com a psicóloga, eu e meu marido Diego conversamos muito sobre essa possibilidade de ter uma menina logo logo aqui em casa e não tivemos dúvida, queríamos ir em frente. Esperamos a ligação da psicóloga ou da assistente social na segunda, na terça e nada. Tentamos ligar pro fórum mas nada. Foi quando na quarta feira a Rejane, assistente social nos ligou e combinamos de ir pra Itapoá conversar com ela na segunda-feira dia 19 de novembro. Na quinta-feira foi feriado da Proclamação da República, viajamos pra Maringá pro casamento de nossos amigos Paulinho e Angelita. Foi maravilhoso, muito legal, tranquilo, nossos amigos estavam lá e apesar de alguns incidentes tudo ocorreu dentro dos conformes. No sábado fomos pra Curitiba na casa da minha cunhada Diane e conversamos com ela sobre o que estava acontecendo. Poucas pessoas estavam sabendo disso tudo, pra ser bem sincera quase ninguém porque preferimos preservar esse nosso momento tão delicado, tão precioso e importante pra nós. Então na hora certa todos saberiam.

2° e 3º DIA DE CURSO

Neste segundo dia de curso, foi à noite e com a psicóloga Dra. Andreia. Chegamos um pouco atrasados por causa dos trabalhos na pet, entrega de cachorros. Mas foi uma noite muito proveitosa, agradabilíssima. Tiramos muitas dúvidas com relação a comportamentos, como devemos agir em muitos momentos, quais as etapas que passaremos, como as crianças se comportam em cada fase, como falar que são filhos adotivos...um turbilhão de informações. Interagimos com outros colegas, trocamos experiências e por fim saímos de lá bem felizes.
 
Logo que chegamos para o terceiro e último dia de curso, a psicóloga falou que teríamos que conversar sobre o nosso cadastro e tal e poderíamos fazer isso no final do curso. A noite decorreu muito animada, mais bagagem de informações, dúvidas esclarecidas, e-mails e redes sociais trocados com alguns casais. Final do curso ficamos com a Dra. Andreia foi aí que ela nos falou sobre duas meninas que estão para adoção e se tínhamos interesse nelas. Contou mais ou menos a história delas, uma tinha 5 anos e a outra 6 anos. Éramos pra pensar que na segunda-feira dia 12 de novembro nós voltaríamos a conversar sobre isso. Saímos dalí e fomos na Pizzaria Totens empolgadíssimos, animados, emocionados e já fazendo planos e prevendo o futuro...meu Deus ficamos em êxtase. A noite seguiu e nossos corações cheios, cheios de sentimentos.